O que podem esperar… de nós.
O PCP foi fundado em 1921. No fim dos anos 20 foi ilegalizado. Apesar disso, durante os 50 anos de fascismo persistiu, na clandestinidade, mantendo as suas funções e actividade, publicando vários jornais e publicações que eram distribuídos também eles clandestinamente, com o intuito de informar os trabalhadores e cidadãos da verdadeira situação do país. Apesar de não poder concorrer a eleições, aqueles homens e mulheres abandonavam as suas casas, famílias (quantos não deixavam filhos para trás…), nomes e história para entrarem para o partido tendo que assumir outra identidade, mergulhando assim na clandestinidade mais profunda. Quantos não foram presos e lá ficaram 10, 15, 20 anos. Quantos não foram torturados dias a fio. Quantos não morreram nas mãos da PIDE. Hoje oiço muitos dizerem que “o que os políticos querem é mama, tacho, poleiro…”. Peço por isso, que não se esqueçam do partido que persistiu 50 anos de fascismo na clandestinidade mesmo sem se poder candidatar a “mama, tacho ou poleiro”. E fazia-o porque era o partido que estava ao lado dos trabalhadores. Os organizava, estava nos sindicatos com eles, os esclarecia, lhes abria os olhos. Foi o partido que ajudou a travar importantes batalhas na luta contra o Estado Novo, levando ao enfraquecimento do mesmo e consequentemente levando a que, quando chegasse o 25 de Abril o golpe fosse possível.
Mesmo quando chegou a liberdade, o trabalho do PCP nunca foi devidamente reconhecido pelos portugueses e hoje é mais esquecido ainda. Não vêem o papel dos comunistas durante o fascismo. Não reconhecem o trabalho dos nossos deputados que são os únicos que, mandato após mandato, levam à Assembleia questões que defendem os trabalhadores, estudantes, reformados, doentes… Não vêm que os nossos militantes são aqueles que nos locais de trabalho, sindicatos e associações têm sempre as posições mais justas e são os que mais trabalham na defesa dos direitos mais básicos. Mas os portugueses não se esquecem de recorrer aos comunistas quando destes necessitam. Nas autarquias, nos sindicatos, nas associações e até ao colega, comunista, mais próximo, quando se vêem apertados. Mas quando chega a hora da verdade, o povo vota no opressor Cavaco, vota no contraditório Alegre, vota no presunçoso e imprevisível Nobre e até prefere, por vezes, votar no palhaço Coelho. O anti-comunismo tolda a vista dos portugueses e é mais forte do que qualquer facto e que todas as provas que lhes demos durante 90 anos de História.
Apesar disso, continuamos aqui. Amanhã, como hoje e como ontem. A luta continuará, de facto. Continuaremos a puxar a carroça. Apesar da falta de confiança que os portugueses nos depositam, somos nós que continuaremos a estar na frente de cada batalha. Somos nós que estaremos na primeira fila de cada manifestação, greve, protesto contra todas as injustiças sociais e todos os ataques aos trabalhadores, estudantes e reformados. Somos nós que continuaremos a estar presentes nos sindicatos e associações. Nós, cada militante, que estará lá para defender os seus colegas nos locais de trabalho, escolas e universidades quando for preciso. São os nossos deputados os únicos que continuarão a propor alternativas, a defender o que é justo e a tentar travar investidas cruéis contra os portugueses. E somos nós que continuaremos a apresentar uma alternativa em todas as eleições, apesar dos portugueses não confiarem em nós.
E estaremos cá, não porque queremos "mama, tacho ou poleiro", mas porque queremos uma sociedade mais justa e porque cada vitória se consegue dia após dia, na rua, nas manifestações, nas greves, nos locais de trabalho, escolas e universidades, nas associações, nas Autarquias, na Assembleia da República.
E estaremos cá, não porque queremos "mama, tacho ou poleiro", mas porque queremos uma sociedade mais justa e porque cada vitória se consegue dia após dia, na rua, nas manifestações, nas greves, nos locais de trabalho, escolas e universidades, nas associações, nas Autarquias, na Assembleia da República.
E, se tempos mais difíceis vierem (como decerto virão), somos aqueles com quem podem contar indiscutivelmente. Estaremos lá na fome, nas prisões, na clandestinidade, na porrada. Sempre à espera da próxima pancada. Porque fomos os únicos que provámos ser capazes disso tudo. E estaremos, certamente, com a consciência tranquila de ter estado sempre lá.